José Carlos de Brito e Cunha (1884-1950), o J. Carlos, é autor de uma das mais poderosas crônicas visuais do Brasil na primeira metade do século XX. Sua vasta produção, que se acredita ter passado de 50 mil desenhos, inclui caricaturas, charges, cartuns, alfabetos tipográficos, vinhetas, publicidade, enfim, todo o universo gráfico das primeiras revistas ilustradas do Brasil.
J. Carlos foi um dos primeiros representantes do modernismo no Brasil, com a leitura – direta ou indireta – que fez do art nouveau e da art déco a partir da década de 1910. Isso pode ser percebido nos desenhos que fez de arranha-céus e seus interiores, nas roupas e nos corpos de suas melindrosas e afrodites, desenvolvendo um estilo completamente seu, inconfundível e inimitável.
Aos 18 anos, publicou seu primeiro desenho, um retrato de Campos Sales, presidente da República de 1898 a 1902, e não largou mais a imprensa. Com a imagem chegando, nesse início do século XX, em pé de igualdade com a palavra, as redações e a publicidade precisavam recorrer ao desenho para vender seus produtos e valorizar o que era noticiado. Tudo tinha que ser desenhado, já que a fotografia ainda era um processo laborioso e caro, e sua reprodução impressa ainda era quase exclusivamente em preto e branco. (IMS)




